Um caça Dassault Rafale é acompanhado em voo por um Mirage 2000D da Força Aérea Francesa, durante operação na Líbia. (Foto: Ministério da Defesa da França) |
O consórcio, formado pela Dassault Aviation, Snecma e Thales, disputa com a sueca Saab, fabricante do Gripen NG, e com a norte-americana Boeing, que produz os caças FA-18 Hornet, uma licitação avaliada em ao menos US$ 4 bilhões para as aquisições, que podem ultrapassar 100 aeronaves.
Uma das parcerias foi firmada entre a empresa IAS, da capital mineira, e a Snecma, para treinamento em manutenção de motores de jatos. A IAS é uma das empresas que participa do esforço do governo mineiro de criar um polo aeronáutico próximo ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte.
“Levaremos o pessoal da IAS para a fábrica francesa e, depois, técnicos da França virão ao Brasil fazer o treinamento. Vamos passar à IAS toda a manutenção dos motores dos Rafales, caso eles sejam escolhidos pelo Brasil”, disse Jean Marc Merialdo, diretor da Dassault Aviation no Brasil.
Outra carta de intenção foi assinada pela Dassault e a CSEM Brasil, instituição privada sem fins lucrativos especializada em micro e nanotecnologia. A parceria com os franceses terá o objetivo de desenvolver microssistemas para transmissão de dados e sensores sem fio, entre outros, para as aeronaves. Os dispositivos serão feitos com base na tecnologia Low Temperature Co-fired Ceramics (LTCC), que usa cerâmica de alta resistência nos sistemas. “Esperamos contribuir com nossa experiência no desenvolvimento de soluções estratégicas”, declarou o diretor da CSEM, Tiago Alves.
Já a UFMG firmou parceria com a Snecma e a Dassault para o desenvolvimento de tecnologias aeronáuticas, de motores e de biocombustíveis para aviação, além de intercâmbio de estudantes. “Vale a apena investir em relacionamento de longo prazo com a universidade, que já tem premissas de desenvolvimento técnico aeronáutico de qualidade”, avaliou Merialdo, referindo-se às pesquisas já desenvolvidas pela instituição.
Os acordos de ontem se juntam a outros 63, firmados pelo consórcio com 40 empresas, para o desenvolvimento de projetos e capacitação de pessoal. Segundo o representante do grupo francês, os acordos foram feitos com a perspectiva de que o Brasil opte pela compra do Rafale, “mas nada impede que sejam mantidos mesmo que o governo escolha outro concorrente”.
Em fevereiro, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que, mesmo com o corte de R$ 50 bilhões no orçamento da União, o governo pode anunciar ainda neste semestre qual será o fornecedor das aeronaves. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia declarado preferência pelos franceses, enquanto a Aeronáutica avaliou as aeronaves da Boeing como melhor opção. “Mudança de governo não significa mudança de posicionamento estratégico dos concorrentes. Mudaram as pessoas que vão avaliar as ofertas. As vantagens que cada um oferece são as mesmas”, concluiu Merialdo.
Fonte: O Estado de São Paulo – Marcelo Portela, via NOTIMP
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