quarta-feira, 17 de novembro de 2010

INPE vai lança licitação para propulsores de '400 N'

No Diário Oficial da União de ontem (16), foi publicado um aviso de início de concorrência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para a "contratação de empresa que apresentar a proposta mais vantajosa para a prestação dos serviços de elaboração de projeto básico/executivo e produção de protótipos de desenvolvimento de propulsores monopropelente e bipropelente com empuxo de 400N."

O blog Panorama Espacial entrou em contato com José Nivaldo Hinckel, coordenador do grupo de propulsão de Departamento de Mecânica Espacial e Controle da ETE/INPE, para obter mais informações sobre os propulsores. Hinckel, a quem publicamente agradecemos, gentilmente nos respondeu, prestando informações bem interessantes sobre os dois propulsores, reproduzidas abaixo:

"A licitação se refere a dois tipos de propulsores de com empuxo 400 N: monopropelente e bipropelente.

O propulsor monopropelente é do tipo catalítico a hidrazina. Este tipo de propulsores é utilizado em sistemas de controle de rolamento em diversos veículos lançadores. É também utilizado em missões espaciais interplanetárias para correções ou mudanças de trajetória que não requeiram impulsos de grande magnitude. O catalisador para este propulsor está sendo produzido pelo grupo de catálise do Laboratório de Combustão e Propulsão de Cachoeira Paulista. Além do catalisador tradicional de irídio suportado em alumina, estão também sendo produzidos e testados novos tipos de catalisadores como o irídio/rutênio suportado em alumina e um catalisador homogêneo de carbeto de molibdênio.

A aplicação prevista para este propulsor é o sistema de controle de rolamento do VLS (ou novos veículos que venham a ser desenvolvidos).

O propulsor bipropelente utiliza o par NTO/MMH (Nitrogen Tetroxide/ Monomethil hydrazina). Ou seja Tetróxido de Nitrogênio e Monometil hidrazina. Este par propelente tem longo histórico de aplicações em propulsão espacial. Um grande atrativo do par é a estocabilidade. Os dois propelentes são líquidos a temperatura ambiente, o que permite que sejam armazenados por longos períodos de tempo sem grande preocupação com perdas por evaporação, mesmo no ambiente espacial. Outra característica é a ignição espontânea a temperatura ambiente (hipergolicidade) o que permite a implementação de múltiplas partidas do propulsor sem a necessidade mecanismos complexos de ignição. Em contrapartida ambos apresentam elevado grau de toxicidade o que torna o seu manuseio uma operação de risco adicional e requer procedimentos elaborados na preparação para lançamento ou mesmo testes em Terra.

A aplicação prevista para este tipo de propulsor é em blocos de aceleração de apogeu de satélites geoestacionários. O objetivo deste projeto é atingir grau de maturidade tecnológica no projeto e produção desde tipo de propulsores que permita sua incorporação a satélites geoestacionários de comunicações, ou metereorológicos, que venham a fazer parte do programa espacial autônomo brasileiro. Protótipos deste tipo de propulsor já foram produzidos e testados no INPE, com bom desempenho."

Nenhum comentário: